DE TUDO UM POUCO
MLCB©2011/2024-Maria da Luz Fernandes Barata e Carlos Barata
Portugal
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OUTONO
Os dias têm despertado radiosos e tépidos. Ao longo das horas que os preenchem, o calor vai aumentando gradualmente e faz-se sentir, como se o Verão teimasse em partir, permitindo que o Outono usufrua de uns belíssimos dias de calor, de paz e descontracção.
Sim, porque o calendário já indica que chegámos a meados de Outubro e na boca de alguns “Isto não traz nada de bom”; “Não é calor para a época”; “Vamos pagar bem caro”. E sob um coro de profecias mal-amanhadas e opiniões duvidosas, lá se vai tendo o Verão tardio, que muitos desejariam ter tido oportunidade de viver, quando gozaram as suas férias.
Tal não aconteceu. Parece que o anti-ciclone dos Açores, que protege o nosso cantinho de muitas intempéries, estava naquela altura mal posicionado e com o escudo de protecção enfraquecido.
Assim, numa espécie de remissão, oferece-nos agora o inesperado Verão que todavia ainda não é o de São Martinho.
Contemplando o mar brilhante, ondulado e de águas cálidas, o tempo vai passando entre as caminhadas, o apanhar de conchas e os banhos repousantes e calmantes que noutra ocasião qualquer não teriam lugar.
E tudo isto acontece num lugar mágico da costa sul.
Ainda há gente a aproveitar estes dias de sol dourado e quente. E é interessante ver que à medida que as pessoas vão chegando, se posicionam tal como nós, na primeira fila, de modo a aproveitar a posição privilegiada; poder admirar o mar, os seus brilhos, os seus pescadores, as suas ondas de cristas brancas, que após uns dias de luta maior devido à influência lunar, são agora umas ondinhas dóceis que murmuram tanta coisa. Permitem ouvir o que quisermos ao nosso jeito.
Não permitem que nos sintamos tristes, desesperados ou derrotados. A imensidão do mar faz pensar que somos pequenas partículas deste universo a perder de vista, mas que podemos ter uma alma enorme e imensa de acordo com aquilo que admiramos, pensamos e criamos. E nesta contemplação podemos efectivamente analisar o nosso interior e ganhar a força que precisamos para fazer esta travessia terrena, que tantas vezes se afigura difícil e penosa.
O mar em mim tem este efeito.
Faz-me sentir livre e grande.
Faz-me sentir tranquila.
ML/Outubro/2011