DE TUDO UM POUCO
MLCB©2011/2024-Maria da Luz Fernandes Barata e Carlos Barata
Portugal
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SONS...
Era sábado.
Ainda Primavera.
Aquela praia... a de S. Rafael, em Albufeira.
Continuo apaixonada por esta praia maravilhosa, de areias finas e águas transparentes.
É um reduto.
Encaixada naturalmente nas rochas, proporciona dias de lazer excelentes. As suas águas límpidas, quando calmas, deixam ver o fundo rochoso existente nalgumas zonas e tudo o que por ali vive.
O ambiente que se respira e se sente é de relativa calmaria. Parece que todos comungam do misticismo nela existente. Ouvem-se sussurros, gritos da criançada jogando com os seus amiguitos, ou simplesmente brincando com as ondas.
Nos dias em que o mar chama a si toda a atenção, o seu rufar, quase poderia ser o som de um qualquer tambor numa orquestra só de tambores.
A par dos silêncios, murmúrios e entusiasmo, há as gaivotas, pardalitos e naquele dia, bandos de andorinhas.
É uma visão maravilhosa, aquela que temos perante nós, quando contemplamos qualquer aspecto da natureza; mas as andorinhas são tudo o que as pessoas deveriam ser: alegres, trabalhadoras, comunicativas e portadoras de espírito gregário.
Sim, além da beleza natural que apresentam através do seu corpo esguio de asitas esvoaçantes, transmitem a quem esteja atento, um espectáculo de rara beleza.
É lindo ver o vaivém em bando, sempre chilreando, ora buscando alimento, ora desfrutando apenas do prazer de voar e cantar.
Fiquei deleitada.
Já não me recordava, que nesta altura, em anos anteriores, elas estavam lá. Provavelmente as mesmas, com o grupo aumentado pelos filhotes que vão nascendo.
E ali vivem durante algum tempo, em convívio muito próximo com as gaivotas, apesar das diferenças que as separam.
Mas o céu é o mesmo.
Os rochedos onde nidificam também, talvez um pouco mais gastos pela força da erosão.
O mar que sobrevoam é o mesmo; talvez com novas marés e transportando na sua irrequietude, outras areias, outros seres.
E assim permaneci em cuidada observação, durante algum tempo.
Aquela praia, ainda é um paraíso!
Quase senti que fazia parte daquela natureza, que num dia muito, muito longínquo, explodiu e formou aquele recanto mimoso que me faz sentir bem, quase como se estivesse em casa.
Porquê?!
O ambiente é leve, está limpa e arrumada, é calma e tem muita música.
Às vezes imagino o que seria, naqueles dias em que o mar só sussurra, quem sabe palavras de amor, uma orquestra tocando uma área de Bach, Mozart ou de qualquer ilustre desconhecido à espera da sua primeira oportunidade.
Se calhar, nunca alguém pensou em tal. Será que passar à prática irá tirar romantismo e deslumbramento?!
Fico pois, pelo sonho, pelo imaginário.
Eles alimentam a minha alma, tal como aquelas avezitas alimentam os seus filhotes, com a comidinha que vão encontrando.
Mas uma coisa é certa.
A orquestra estava lá, tocou e eu ouvi.
Tocou divinalmente!
ML/2002